sábado, 2 de setembro de 2017

Nesta mulher se cria um sonho,
todos o julgam risonho.
Ela é toda esta esperança
que se inventa, se destrói,
corre p´la dor não se cansa,
o sofrimento não a mói

De garganta escancarada
tem na voz a madrugada.
É a noite no desejo,
Sob um homem que a fatiga,
bebe da água deste Tejo,
não há saudade que a siga.
Canta em outro tom o fado,
por nunca o ter ensaiado.
Lança as mágoas na canoa,
que lhe foge na corrente
e a gaivota que ali voa,
livre, poisa-lhe na mente.
É a tarde, que demora,
Assim que vem, vai-se embora.
Formosura junto à proa,
tem na leveza a maneira,
de dançar e ser Lisboa
ao lado de uma traineira
(1976)

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