segunda-feira, 17 de julho de 2017

Se me libertasse de tudo o que houvera existido,
já não existia,
mesmo que seja escasso,
sou sempre mais do que queria.
Não por planejar
mas por encargo,
sem que haja sossego à mote da essência,
para que no sem tempo do agora
conquiste um tempo que me invente
e o sinta perdurável ao que não me é percetível nos ritmos de todos os relógios
e similares incumbências, efectuações, tabeladas à idade...

Invenções de mentes esplendentes, geniais,
que exercitaram o poder e ensejaram a submissão e escolheram os conhecimentos que anulassem a individualidade e os pensadores.
Como se eu fosse contável por horas ou dias ou anos
e não me distanciasse para me esquecer do lado mais perverso do amor humano.
Não sei a minha idade.
É ao bater do coração que sinto as badaladas dos meus instintos, desejos, afectos, das recordações...
Às vezes pergunto-me por ti,
e não me oiço,
e não respondes.
Vejo-te não de longe,
mas numa vida ao lado.
Conhecemo-nos.
Não falámos o suficiente, para que fosse suficiente.
Mas foi suficiente por o que nunca dissemos.
Um encontro de olhares reveladores,
nem que tenham sido aparentemente simples olhares, aos olhares simples dos outros,
mas que persiste no bater dos corações a cumplicidade do uníssono.
Há quem no silêncio
Seja capaz mais de entender os que os sons nunca despertam.
O óbvio para mim é a antítese
Do tanto que tenho para dar
A quem ainda nunca me soube
Mas que sente a tentação de me escolher
Há rios que terão de galgar as margens
Há ventos que irão erodir a obediência do mestre preso ao mesquinho receio de errar perante os seus discípulos
Se me libertasse de tudo o que houvera existido
Já não existia
O sonho sempre existiu
Nunca o quis matar para que eu não morresse
Dele nunca me poderei libertar
(Para bem de todos os que tendem a mergulhar no pântano do indecifrável)
Há que vivê-lo nem que seja no êxtase em simbiose com todas os prodígios que motivam sentir.
E sinto o arbítrio de me quer fazer voar sobre o céu de ti
Difícil é ter temperamento de tempestade
Parecendo o paraíso
Que mais consistente e lógico nos motiva
Senão os sonhos que têm sempre de nos haver
E que levem a acreditar no grande Sonho
Mesmo que nunca se concretize
Mas, não nos falte esta magia
Dos sonhos
Sonhos
Do sonho

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