segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Felizes são aqueles que querem o que é pouco
e lutam desesperadamente por terem esse todo.
Há tanta pobreza de contentamento,
como pedras da calçada presas entre si,
que se gastam e erotizam de tanto pisadas.
E fontes pingando marés,
como se cada onda fosse um oceano.
E presunçosas rosas que espinham caminhos,
como se não fossem apenas rosas presas de seu jardim
e da beleza que flore as vistas.
E as meretrizes que enlouquecem os seus supostos homens,
como se escravos fossem do orgasmo de sua frigidez.
E no desvario dos perigos a mostrenga feita astuta
não se condena aos seus crimes
e teima em pisar tapetes que amorteçam a culpa.

Há tanta vítima de aldeias que se constroem
na insipiência, como adornos com que se vestem,
sem imaginarem o infinito que ensandece os que o pensam,
e as divergências de todas as florestas,
e latitudes da gnose das virtudes,
e poeiras de todos os abismos que nos habitam...
Eu gostava de ser feliz
confirmando que há uma verdade
e solicitar-me a ser vendido pelos que a regem obtusos.
Tenho a tristeza das centopeias, feridas
por seus muitos pares de patas,
esgotadas nas dores do caminho,
e das cigarras condenadas pelo formigueiro.
Eu aprovava que houvesse um deus para a vida
e outro para a morte,
para ter o ensejo de escolher a minha fé
e ser salvo ou tão eternamente descansar.

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