domingo, 3 de setembro de 2017

Se sei fazer melhor, não sei.
Talvez se ousasse ser o que sou,
compreendesse todo o sentido do sentir
e se abrissem outras portas de mim,
para que voasse para além da anilada cúpula,
que sustento e tanto pesa de infinito e sóis,
e me soltasse das raízes, cada vez mais fundas por sede,
nascidas pelas passadas de outros, que inibem esta figura à autenticidade,
trespassasse qualquer espelho, polido por tantas águas,
para que do avesso me olhasse
e te visse como já fui.
Todo o animal morre durante o caminho,
quando o fim está na pressa de chegar onde nunca esteve
e queira tão somente agradar quem diz que ama e aceita,
sem que nunca se ame e se aceite e seja e viva.
Só me debruçarei sobre a paisagem
para sentir o que lá há,
depois de me esgotar ao que vim e faço.
Se houver alguém que repouse na tranquilidade dos dias
é unicamente fogo-fátuo.
Por muito que se queira saber, nunca se sabe o que se saber.
Qualquer pretensão tem um maior carrego em outro lado
e divino é quem não crê para se salvar
e terreno é imaginar-se deus para se redimir à sua condição.
Se sei fazer melhor, não sei.
Faço o que sei para o que serei,
sem nunca ser o que desejo ser.
A barca navega em mim
e timoneiro é o tempo
e nunca é tarde, antes de anoitecer.

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