sexta-feira, 21 de julho de 2017

Já te basta a condição de parir
De carregar as culpas da traição
Na originalidade do pecado 
Envenenado de maçã
Porque te seduziu a serpente
E confrontada foste perante a verdade
Da árvore da ciência do Homem
Que criou Deus e o paraíso
Foste clonada da costela de Adão
Programada a preencher
O vazio da solidão
E abriste-te à fecundação
Nunca pondo em causa o complexo
Da frustrante virilidade
Que te magoa as entranhas
Para que se cumpra
Em certeza a continuidade
Desejando-se que em dores sangrando
Nasça de ti um varão
Outra filha da puta não
Criará sentimentos de compaixão
Serves para servir e amar
Escrava mal amada
Desejada nos vícios do prazer da carne
Mal comparada desprezada
Sentes a infelicidade
E a mágoa pela diferença
Procuras sempre cumprir
Para que sejas recompensada
Em gratidão pelos deveres
Se a coragem manifesta interrogações
És amaldiçoada contrariada maltratada
Se procuras corromper as amarras
És apagada por quem usufrui
As ferramentas das superficialidade do conviver e poder
Se te negas ao contrato de união
Submissa à constante violação
E à condição de parideira
Passas a meretriz rafeira
Sem eira nem beira
Que vive na clandestinidade da escuridão
Sem existir qualquer outra opção
Mas a mulher descobriu as fraquezas
Dos homens que carregou no ventre
Aguentando pela lonjura do tempo moralizado
Domando as lanças da brutalidade instintiva
Herança primitiva das leis da fé e dos costumes
Vencendo as eras e os azedumes
De esperança de chegar à igualdade
E assumir-se na importância
Da verdadeira força da maternidade
Dando à luz parindo um mundo
Vigorosamente escorreito humano e profundo
Sem intenção de preconceito de género
Mas pela união dos corpos em ternura
Na inteligência do amor pelo amor
Para que tudo seja pelo prazer desta aventura
No anseio eterno de se poder viver melhor

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